não me controlo, minha curiosidade me mata, vou pegar meu casaco e sair pela rua. entre os carros que vem e vão, entre as poucas pessoas que ainda circulam pelo centro da cidade, em meio as luzes fracas que saem dos postes, hoje descobrirei se realmente valeu a pena. aperto o passo entre as largas avenidas tentando entrar em uma rua transversal para poder cortar caminho, a minha volta vultos de solidão sussurram palavras para me desanimar, meu paradeiro desconhecido se aproxima a medida que meus pés tocam o chão frio daquele lugar, sensações perturbam meu coração como uma maneira de me alertar, talvez ele possa estar dormindo ou acordado com uma puta qualquer, não me interessa, entrarei, farei o que vim fazer e irei embora.
quase ao lado do lugar indicado por uma seta vermelha, onde homens param carros para procurar prazer, esvazio o que resta de coragem em minha mente, no bolso do meu sobretudo se encontra algo que queima minha pele através do pano macio, finalmente chego onde demorei pra chegar, as horas do relógio da padaria em frente afundam mais minha alma em uma estranha convulsão, tento parar de fazer meu ombro doer, aperto vagarosamente com a mão livre, meu celular toca e finalmente acordo, vejo que foi uma noite perdida, meus sonhos fugiram e voltaram de mim.
levanto da cama umida do suor que saiu do meu corpo, percebo que acabou a luz e as janelas estão fechadas, abro a janela, olho pra fora, nenhum sinal de escuridão. vou até a cozinha e pego uma pizza de ontem, como um pedaço.
meu gato mia com um miado que mais se assemelha a um zunido, procuro a comida dele e vejo que acabou. vou ao banheiro e escovo meus dentes, deixo meu cabelo como esta, do que adianta pentear e ficar parecendo um leão? procuro umas meias, coloco uma saia longa, a luz volta.
depois que subo as escadas até minha casa, me segurando no corrimão para não tontear, ligo a TV ao entrar na sala, mostram a minha foto no noticiário, então assim percebo que não tinha acordado de um sonho, não sei o que fazer e nem explicar como fiz, não sei se fiz.
fecho as cortinas, prefiro esperar que me achem enquanto tendo achar o que perdi da noite passada.
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