não sei se minhas mãos passaram a realidade, conseguiram transformar sentimentos em palavras ao som de uma musica que me lembra como foi.
já não estava dia, era noite.. sim. ela tinha a blusa igual a cidade, eram luzes ali nas ruas, eram luzes em sua blusa.. tinha sapatos que mais me pareciam espaçonaves e cabelos presos como se o bagunçado foi proposital. ela tinha nas mãos um saco branco vazio, e no ouvido Don't Panic tocando.. ela usava o saco pra estoura-lo com a bolinha que ela vazia formar colocando ele na boca.
ela se viu no meio da uma cidade enorme, com predios enormes, e ao que se podia notar havia ali castelos enormes.
ela viu meninos e meninas sentados conversando numa grama verde que beirava a rua movimentada, eram cores e luzes, luzes, na sua blusa tbm.
ela sentou na beira de um predio antigo, olhou. suas botas, elas estavam machucando os seus pés. mais ela só queria um cigarro e mais uma sacola.. quem sabe, balas, e mais balas, que ela havia parado de comer.
ela não chorava por que não tinha o que chorar, e não sorria por não ter o que sorrir. mais ela era feliz, consigo.
as pessoas pra ela não passavam de algo dispensavel. ela já havia conhecido algumas e não tinha gostado. os meninos que passaram por ela, tinham ela pra sempre, e eles, eles não eram lembrados desde que ela os via com outras, ela os via, sempre tinha outra. mais ela aprendeu. soube que ninguém é sem ninguém.
ela era. ela não tinha ninguém pra lembrar. então ela procurava um igual.
ela se levantou e caminhou, caminhava sempre, num sabado, nada melhor do que caminhar e ver as pessoas e suas vidas, da especie, sair de casa e se embebedar, ela achava aquilo engraçado, meninas com namorados, namorados com meninas.
então ela passou. eles a viram. elas não gostaram.
era interessante como meninos logo a notavam e meninas logo a detestavam.
mais ela, ela tinha ela, e deles ela não precisava.
seu companheiro no momento seria os milhares de doces que ela havia comprado porque desistir da promesa que fez que iria parar de come-los.
ela tinha um cigarro e uma garrafa de agua na mão.
tinha a Don't Panic. e tinha tb as luzes.
luzes.
entrou em casa e acendeu a luz. um ap minimo, com uma luz amarela, mais com a vista que dava pra cidade. toda a cidade. a cidade sem nome, se tem um nome, me diga, porque ela não sabe.
colocou um sobretudo, escovou os dentes e reforçou o lapis.
subia as escadas que davam pro terreo do apartamente vizinho. olhou pra baixo. luzes.
desceu as escadas e andou. andou. tinha gente em todos os lugares.. lugares e pessoas.
então ela sentou na praça a e bocejou. abriu o pacote que tinha nas mãos e tirou um pão muito, muito doce. ao que sabia, doces eram o que a deixava feliz.
ele estava sentado na margem do lago que tinha na praça.
ela ofereceu um doce pao pra ele. ele sorriu.
ela contou pra ele que ela não tinha ninguém especial~para lembrar, e que hoje em dia isso era raro.
ele falou que a blusa dela agora era da banda preferida dele. ela não lembrava que havia mudado a blusa quando foi em casa. ela não lembrava que um dia havia feito a promessa dos doces.
ela não lembrava.. não. preferia esquecer. assim se tornaria uma pessoa sem lembranças, e uma pessoa assim, é rara, porque, ou seja, não esta presa a ninguém.
e HOJE EM DIA TODO MUNDO É PRESO EM ALGUÉM.
ele riu. ela havia pensado alto.
ele mordeu o pão.
foi a vez dela rir. e se sentar. na grama.
ele riu, ela riu, e eles viram que ja era cedo.
elalevantou e tirou o casaco. forrou. estava mais frio do que parecia, mais ele me encantou. ela pensou.
ele sentou, deitou e sorriu.
ela estava feliz que ele sorria, porque ela havia gostado do sorriso dele.
então ela lembrou que tinha que ir. levantou. o beijou. na boca.
ele a beijou. então eles se beijaram e ela sorriu. virou e andou.
ele ficou ali. ele também não era dessas pessoas que já tem alguém importante.
mais ela não sabia. mais ele sabia. dela.
então, ele correu, e falou. falou o que ela ouviu.
então ela virou, e olhou. ele estava com o sbretudo dela. e ela, estava com a camisa da banda preferida dele. ela se inclinou na ponta dos pés. Yellow começou a tocar. eles se beijaram, deram as mãos e foram embora.