O frio nunca fora tão quente, chegávamos da rua e ele ia correndo na frente para o quarto, forrava duas grossas cobertas na cama e trocava de roupa, deixava minha parelha de roupas dele em cima da cama, a calça verde do exército e uma blusinha velhinha bege, que ele dizia que amava quando eu estava com ela, ela estava sempre tão cheirosa, só esperando eu usar ela. Deitávamos na cama, ele colocava as meias dele no meu pé, depois deitava e esticava o braço para eu me deitar, ele ficava mexendo no meu cabelo e nós assistindo televisão.. de vez em quando ele me olhava e me dava um breve beijo, tão gostoso, com seus lábios finos.. e eu adormecia, um sono sem preocupações, por que ele estava ali, me protegendo, me cuidando, zelando meu sono, tão doce, tão apaixonado.. tão lindo na sua inocência. Eu estava ali, do lado pessoa que mais amo no mundo, meu mundo estava pleno, perfeito, estava protegida do mundo, porque ele era meu escudo, minha armadura, era meu arco e flecha, ele era meu gigante, meu principe que com um beijo me acordava e me salvava de tudo, até de mim mesma.
Será que uma hora isso passa? a falta que sinto dele? Espero que sim.. Mais, aquela rua, é nossa. A noite é nossa, quando chegavamos e eu tirava os sapatos para não fazer barulho, e quando acordávamos e eu saia com vergonha do quarto dando bom dia pra todo mundo.. Quando ele servia meu almoço junto no prato dele e me dava na boca.. sinto falta disso, dele, do toque dele, do cheiro dele, da presença dele.. dói tanto, será que uma hora passa?
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