Se era cedo demais, ou tarde demais eu não sei, apenas me lembro que havia uma cama, com um lençol branco e travesseiros fofos e vermelhos. Me lembro também que não havia sol, ou melhor, havia, me veio a cabeça agora a verdadeira história.
Era cedo, me levantei do sofá onde acabei passando a noite, depois de ver um turbilhão de filmes antigos, meu corpo estava mais dolorido que o normal, mais a minha cabeça não estava latejando, ou seja, isso era uma vitória e tanto pra menina que toma meia dúzias de comprimidos para uma dor que nunca passa.
Como de costume não havia ninguém em casa, ainda não me recordo quando foi que eu perdi o medo de ficar sozinha, quando foi que eu parei de imaginar comodos se mexendo ou talheres voando, acho que já estava na hora, já que a partir de uma certa epoca as pessoas começaram achar que euestava ficando louca. Como há um tempo que eu não havia percebido, as pessoas já não paravam mais em casa, eu não as via, parece que eu parei no tempo, ou o tempo parou pra mim desde que eu me deitei no sofá após um dia bem estranho. Por um minuto, pensei se seria mais conveniente ir tomar um banho e trocar de roupa, ou tomar uma xicara de chá que eu ainda teria que fazer.. mais só de pensar minha cabeça me fez o favor de lembrar que a treguá que ela tinha me dado não seria muito grande.
Fui para o corredor, olhei pra janela o final dele, ela me olhou. apertei os olhos, não é que a janela tenha olhos, mais é que a janela pensa. pensa? apertei minha barriga. agora eu mesmo achava que eu não estava muito normal.. na verdade, eu nunca fui, nunca achei que fosse, mais a janela estava me olhando! e eu tinha certeza. Corri descalça pelo corredor com chão de madeira. entrei no quarto dos meus pais, não achei uma boa idéia entrar no quarto onde tantas coisas tinham acontecido, antes que pareça que aconteceram coisas, eu logo digo que coisas comigo, e com mais ninguém.
A cortina balançava e mostrava que o seu tom goiaba era ameaçador e ao mesmo tempo relaxante; deitei na cama dos meus pais que estava bagunçada, mais pelo menos ela estava fria, coisas frias relaxam o corpo, e esquetam com o seu calor, e eu gosto disso. Me estiquei bastante, tentando tirar a dor que estava dentro de mim. não, em mim. Como havia prometido, não há dor dentro de mim, há dor em mim, nos meus musculos e nas minhas juntas.
Meio que do nada aconteceu o que eu quero contar. O cheiro dele entro em meus pulmoes, e na minha cabeça, eu já havia lido sobre essa sensação, mais sentir ela, foi uma das coisas mais maravilhosas que já aconteceu na minha vida. O cheiro dele, na integra, eu me assustei, quer dizer que eu guardei o cheiro dele na minha memoria e na hora que eu precisei la estava ele pra me acalentar e me fazer lembrar que eu já estive naqueles ombros, e já senti tão de perto um perfume que me faz sentir que estou no lugar certo, na hora certa, e com a pessoa certa.
Chegou a queimar minhas narinas e por onde o perfume passou pelo meu corpo, mais foi a melhor sensação que eu já experimentei, e junto com esse turbilhão de coisas, me veio o rosto, o nariz, a boca, os olhos, a voz dele, veio tudo na minha cabeça, e por um momento eu senti ele verdadeiramente perto de mim.
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